domingo, 25 de abril de 2010

Bruxaria no País das Maravilhas

"Vamos ver... 
Um pouco de verme gordo, urina de cavalo, moscas... 
Acrescentar dedos a mantega. 
Três moedas do bolso de um homem morto.
Dois ótimos pensamentos de esperança."
A seguir, Rainha Branca cospe no conteudo metalico e a poção está pronta. 


 Esta é uma das cenas do filme Alice no País das Maravilhas. Nesta parte do filme, a Rainha Branca prepara uma poção mágica para Alice recuperar seu tamanho normal. Uma descrição classica de bruxaria. A Rainha Branca é do tipo bruxa do bem.





 Alice no País das Maravilhas

Sinopse: Alice, aos 19 anos, descobre que será pedida em casamento. Ela então foge, seguindo um coelho branco, e vai parar no País das Maravilhas, um local que ela visitou há dez anos mas não se lembrava. Lá conhece personagens como o Gato Risonho, toma chá com a Lebre Maluca e o Chapeleiro Louco e participa de um jogo de cricket com a Rainha de Copas.

Elenco: Johnny Depp, Anne Hathaway, Michael Sheen, Alan Rickman, Mia Wasikowska, Helena Bonham Carter
Direção: Tim Burton
Estreou nos cinemas 23/04/10

sábado, 24 de abril de 2010

Bruxas por trás da caça...


Entre os séculos 15 e 17, a Europa estava infestada de bruxas. Disfarçadas e infiltradas entre os bons cristãos, elas adoravam o Diabo em segredo, promoviam rituais malignos e lançavam feitiços e maldições com a ajuda do chefe dos demônios. Na calada da noite, roubavam bebês recém-nascidos e os esquartejavam antes de receber o batismo. Depois, ferviam os corpos mutilados num caldeirão para fabricar venenos e poções mágicas. Quando ofendidas, lançavam maldições terríveis: podiam invocar tempestades e chuvas de granizo, matar pessoas com um simples olhar e transformar suas vítimas em sapos, ratos ou cobras. Nas noites de sexta-feira, as adoradoras de Satanás montavam em vassouras ou cadeiras enfeitiçadas e voavam para o sabá – na superstição medieval, uma espécie de missa satânica realizada em florestas ou montanhas desertas. Nessa noitada diabólica, as bruxas se entregavam a uma maratona de pecados e blasfêmias. Empanturravam-se em banquetes canibalescos, cujo cardápio incluía corações de crianças e carne de homens enforcados. Engatavam orgias onde todas as perversões sexuais imagináveis eram permitidas e encorajadas. Às vezes, o coisa-ruim em pessoa entrava na farra, dançando e amando suas servas na forma de bode preto, gato gigante ou homem-monstro, com 7 chifres na cabeça e um enorme pênis ereto, todo coberto de espinhos.





Os delirantes relatos acima vêm de livros como Martelo das Feiticeiras (1487) e o Quadro da Inconstância dos Anjos Malvados e Demônios (1612), manuais usados para caçar, prender e exterminar as “agentes de Satã”. Durante séculos, esses livros foram levados a sério – e a crença nas bruxas não era vista como superstição, mas artigo de fé. “Acreditar em bruxas é uma parte essencial da doutrina cristã. Duvidar de sua existência é uma grave heresia contra a Santa Igreja”, afirmavam o monge alemão Heinrich Kraemer e o padre suíço James Sprenger, autores de Martelo das Feiticeiras.

Na época de Kraemer e Sprenger, a crença na bruxaria era tão forte que desencadeou uma das perseguições mais brutais que o Ocidente já viu. A caça às bruxas, que atingiu o ápice entre os séculos 15 e 17, foi um capítulo sinistro na transição do mundo medieval para o período moderno. Durante cerca de 400 anos, os governos laicos e as autoridades religiosas da Europa prenderam, torturaram e assassinaram uma multidão de pessoas pelo crime de feitiçaria. Como os registros oficiais da época são muitos confusos, o número exato de vítimas é até hoje um mistério. Alguns historiadores sugerem um total de 200 mil mortos, enquanto outros falam até em 9 milhões. Quase todos eram mulheres, em geral camponesas miseráveis, que viviam sozinhas em pequenos casebres às margens das aldeias. Para sobreviver, elas atuavam como curandeiras, fazendo feitiços, simpatias e remédios naturais. Esse verniz de simplicidade e sofrimento torna ainda mais intrigante o mistério que nenhuma das teorias consegue explicar direito: afinal, por que raios as pessoas começaram a ver naquelas tiazinhas inofensivas bruxas voando em vassouras e dançando peladonas com o Diabo? Para entender isso, precisamos voltar ao início da civilização ocidental e responder a uma outra pergunta: o que é uma bruxa?


O que é uma bruxa?


Segundo o Martelo das Feiticeiras e outros manuais da época, bruxa (ou bruxo) era alguém que praticava magia para fins malignos, com a ajuda do demônio. O conceito de bruxaria surgiu na Idade Média, mas outras formas de magia eram praticadas desde a Antiguidade – e nem sempre eram vistas como algo mau. No mundo greco-romano, a palavra mageia designava uma espécie de religião não oficial baseada no culto de deuses ligados à noite e à escuridão. Segundo a crença da época, divindades como Plutão, deus dos mortos, e Hécate, deusa das encruzilhadas e da lua nova, podiam tanto causar doenças quanto curá-las. “As leis romanas condenavam a magia com fins maléficos, pois a enfermidade e a morte freqüentemente eram atribuídas a causas mágicas. Mas a magia com fins benéficos na Grécia e em Roma era considerada lícita e mesmo necessária”, diz o historiador Carlos Roberto Figueiredo Nogueira, da USP, em seu livro Bruxaria e História.

A tolerância virou pó no início da Idade Média. Com a Europa convertida ao cristianismo, os ritos mágicos caíram no enorme balaio de crenças proibidas. Só esqueceram de combinar com o povão, que durante todo o período medieval continuou invocando espíritos, amaldiçoando inimigos e enfeitiçando amantes à revelia dos padres. Com uma diferença: se nos tempos antigos havia magos e magas na mesma proporção, na Europa cristã a bruxaria era monopólio feminino. Não é difícil entender por quê: enxotadas do comando da Igreja (desde o século 2, o sacerdócio cristão era exclusividade dos homens), as mulheres fizeram das práticas mágicas proibidas sua solitária esfera de poder. Entre as figuras mais respeitadas nas aldeias e nos campos – onde viviam 95% da população européia no século 15 – estavam as curandeiras, chamadas de “mulheres sábias” na Inglaterra, França, Alemanha e outros países. “Eram geralmente viúvas ou solteironas, com enorme conhecimento de ervas medicinais. Embora fossem pessoas miseráveis, tinham grande prestígio. Num mundo quase sem médicos, elas serviam como faz-tudo: parteiras, adivinhas, terapeutas”, diz o historiador Henrique Carneiro, da USP.

Passados de mãe para filha ou de tia para sobrinha, os segredos das curandeiras escapavam à compreensão da ciência. De fato, alguns de seus remedinhos eram pra lá de estranhos. Ovos fervidos em urina, por exemplo, eram usados contra picadas de insetos. Pomadas de sêmen de cavalo serviam para provocar a gravidez. Amuletos para atrair o amor, afastar mau-olhado e detectar venenos usavam como ingredientes ratos assados, pele de cobra e dentes humanos, recolhidos no cemitério mais próximo. Bênçãos e rezas também estavam no repertório. Em meio à bizarrice, nem tudo era chute ou superstição. A “magia” dessas mulheres abarcava conhecimentos que depois seriam cientificamente comprovados.

O que nem as curandeiras nem os cientistas podiam prever eram as desgraças que arrasariam a Europa no século 14. Em 1315, catástrofes climáticas destruíram colheitas em toda a Europa, exterminando 20% da população e originando surtos de canibalismo. Décadas depois veio a peste negra – a gigantesca epidemia que varreu um terço dos habitantes da Europa, cerca de 20 milhões de pessoas. Numa época coalhada de superstições, era preciso culpar alguém pelas calamidades. Sobrou para as curandeiras. “Durante as crises, os pobres do campo passaram a descontar sua frustração pelas colheitas ruins ou pela alta taxa de mortalidade infantil sobre aquelas que tinham menos capacidade de reagir – as solteironas e as viúvas, sem maridos ou filhos para protegê-las”, afirma a historiadora americana Anne Lewellyn Barstow, no livro Chacina de Feiticeiras. A fagulha virou incêndio com a radicalização religiosa da Inquisição, movimento cristão de perseguição aos hereges. A caça às bruxas, até então esporádica, foi oficializada em 1484, quando o papa Inocêncio 8o publicou uma bula transformando em hereges todos aqueles que “realizam encantamentos, sortilégios, conjurações de espíritos e outras abominações do gênero”. A sabedoria popular sem respaldo da Igreja passou a ser coisa do Diabo.


Histeria coletiva da caça às bruxas


Embalados pelo frenesi da Inquisição, muitos países incluíram a bruxaria na lista de crimes contra o Estado. A caça às bruxas intensificou-se e fez vítimas como a alemã Walpurga Hausmanin, uma viúva idosa que ganhava a vida como curandeira no vilarejo de Dillingen, no sul do país. Em 1587, seus antigos clientes e amigos a acusaram de matar bebês e dizimar os animais da aldeia (uma simples fofoca mandava pessoas ao calabouço). Walpurga foi presa e levada ao tribunal. Isolada do mundo exterior, não tinha direito a nenhum tipo de defesa. Os juízes examinavam o corpo das vítimas em busca de “marcas do Diabo” – verrugas, sinais de nascença ou simples cicatrizes. Acorrentada e espancada, Walpurga confessou: seus poderes eram dádivas de Satanás. Marcada com ferro em brasa, foi queimada viva em praça pública. Por mais de 200 anos, houve muitas Walpurgas. Pessoas de todas as idades juravam ter visto sabás e muitos admitiam ter participado das orgias. O fanatismo religioso fazia a maioria da população acreditar que o Diabo estava à solta.
Será possível entender racionalmente essa maluquice? Há algumas explicações, nenhuma delas plenamente satisfatória. A mais tradicional vem da psicologia, que classifica a perseguição às bruxas como um período de histeria coletiva, doença caracterizada pela falta de controle sobre atos e emoções. Parece algo muito esquisito? Sim, mas pode rolar até nas sociedades mais liberais. Alguns estudiosos defendem que foi justamente isso o que aconteceu nos EUA da década de 1950, época da paranóia anticomunista – não por acaso, também chamada de “caça às bruxas”. “O medo dos comunistas era tão grande que qualquer intelectual virava suspeito de espionar para a União Soviética”, diz o historiador inglês Nigel Cawthorne em seu livro Witch Hunt (“Caça às Bruxas”, sem tradução no Brasil).
Mas o pânico social não justifica totalmente as descrições detalhadas de vôos noturnos, lobisomens e bailes satânicos. A loucura em massa talvez possa ser explicada pela própria massa – não a humana, mas a do pão. Parece louco, mas é simples: entre os séculos 15 e 17, o principal alimento da dieta européia era o pão feito à base de centeio. Em climas chuvosos e úmidos, como em boa parte da Europa, era comum que os depósitos de centeio fossem atacados por um fungo conhecido como Claviceps purpurea. O Claviceps é um velho conhecido dos viajandões: ele contém um alcalóide chamado ergotamina, que em 1943 foi usado em laboratórios americanos para produzir o LSD. Se essa explicação for correta, dá para concluir que grande parte das pessoas envolvidas no massacre às bruxas poderia estar literalmente delirando, em estado de transe, falando sozinha ou descrevendo visões psicodélicas. Ver assombrações demoníacas e outras cenas seria compatível com esse quadro alucinado de alteração química.

Fogo na corte: o fim da caça às bruxas


A caça às bruxas só deu sinais de esgotamento no final do século 16, quando pipocaram as primeiras denúncias de psiquiatras e até jesuítas da loucura coletiva. Mas a caça às bruxas fez vítimas até a metade do século 18. Com as curandeiras exterminadas, a atenção dos caçadores se voltou a qualquer mulher suspeita. A gota d’água veio em 1682, quando a marquesa de Montespan, amante do rei francês Luís 14, foi acusada de satanismo. Sentindo o calor da fogueira muito próximo ao trono, Luís 14 baixou um decreto proibindo a perseguição a bruxas na França. No século seguinte, o rei francês foi imitado por outros governantes. Mas a última execução por bruxaria só aconteceria em 1782 – apenas 7 anos antes da Revolução Francesa, que inaugurou oficialmente a modernidade no Ocidente. Mesmo com suas chamas extintas, a chacina das feiticeiras continua sendo um dos enigmas mais arrepiantes da história.

Ervas Bruxas

Ervas  "Bruxas" são usadas até hoje pela farmacologia. Veja alguns exemplos das principais ervas usadas:

Sálvia
Por conter o hormônio estrógeno, é uma planta indicada para problemas no ovário e disfunções menstruais.
Esclaréia
É uma espécie específica de sálvia de que se extraem substâncias antiespasmódicas que ajudam, por exemplo, no controle de cólicas.
Hissopo
Planta aromática usada como expectorante, facilitando a tosse para expelir o escarro. Também é usada como antiinflamatório e relaxante de vasos sanguíneos.
Salsa
Suas folhas servem como tempero e sua raiz é usada como diurético (medicamento que facilita o xixi).
Dedaleira
Desta erva produz-se a digitalina, um extrato usado contra insuficiência cardíaca e arritmia. Dependendo da dose, pode ser venenosa.
Centeio
A ergotina, produzida pelo fungo que contamina sua espiga, é usada para amenizar a dor do parto e conter hemorragias. Um de seus alcalóides, a ergotamina, possui propriedades lisérgicas.
Beladona
Planta ornamental usada para tratar espasmos na laringe e nas cordas vocais.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Os vampiros no mundo...

Os japonesse ochamavam de kappa. Os árabes, de alghul. Os chineses temiam sobretudo o kiang shi. Em comum, todas essas criaturas eram vampiros. O vampiro é um ser universal, parte do repertório de civilizações de todo mundo - dos indianos aos maias, dos bantos africanos aos aborígenes australianos. "Que os mortos possam voltar para afligir os vivos é uma crença que se perde na noite dos tempos. E raramente os fantasmas são dotados de boas intenções", diz  Claude Lecouteux, autor de histórias dos vampiros - Autópsia de um mito e professor de literatura medieval na universidade de Sorbonne, em Paris, França. 
E o que era exatamente um vampiro?
Independentemente da cor da pele ou do comprimento do cabelo,era um morto vivo.Tal como os fantasmas,assombrava os vivos.Ao contrário daqueles - por definição incorpóreos - era feito de carne e osso. Saía do túmulo, preferencialmente à noite, e estrangulava ou sugava o sangue de suas vítimas - homens, mulheres,crianças,e às vezes até vacas e cachorros. Nem sempre tinha aparência humana, podendo adotar formas animais (um cão,um cavalo, um corvo, um morcego) ou  vegetais (uma moita de urtiga). E mais: bichos perfeitamente saudáveis também podiam, do dia para a noite, tornar-se vampiros.

Para entender o vampiro, é preciso primeiro comprender  o mundo dos nossos ancestrais.Até o fim da Idade Média, ninguem cogitava uma explicação racional ou cientifica para "mortos" que voltavam à vida ou defuntos naturalmente mumificados.Ressureições miraculosas ou diabólicas eram quase cotidianas. Segundo os cronistas da época, santos voltavam depois da morte para operar milagres,como santa Liduvina de Haia,em 1433, o seu corpo não apodrecia , como ocorreu com santa Catarina de Bolonia, em 1463.Isso aumentava o fervor popular.Já os vampiros saíam do seu túmulo para espalhar o terror. Seu corpo se recusava igualmente a apodrecer. Alguns, do sexo masculino,eram encontrados com o pênis em ereção dentro do caixão.Inteiramente nus,pois comiam a sua mortalha. Num caso narrado por um monge alemão do século 12, um vampiro estuprou fiéis dentro de uma igreja - moças e anciãs.Esses detalhes obcenos chocavam o homem desde a Antiguidade.
Para o homem medieval, explicar o vampirismo era simples: Diabolus simia Dei. Traduzindo:era uma forma de Satã imitar Deus. As maldades e estripulias do vampiro eram o equivalente maligno dos milagres dos santos medievais.Nesse clima, até Martinho Lutero teve de se ver frente a um caso de vampirismo, em principios do século 16, na cidade alemã de Wittenberg. Sua resposta ao problema, é claro, foi teológica: "Se o povo não acreditasse em tais coisas, isso não lhes causaria mal algum, pois se trata de uma prestigitação diabólica ". Depois, ao que consta, Lutero orou ao lado do túmulo do suposto vampiro,que nunca mais importunou a cidade.

Vampiros também tinham o poder de tomar outras formas que não a sua original em vida. Muitos se transfiguravam em ratos, morcegos, mas também em mulheres sedutoras. Na Grécia do ano 217, o filósofo Apolônio de Tiana teria desmascarado a noiva do amigo Mênipo em plena festa de casamento: ela seria uma empusa, denominação dada às belas sanguessugas de maridos incautos. A noiva apresentava traços inequívocos de um vampiro (segundo os critérios da Grécia antiga): a fixidez das pupilas e o medo ao manjericão, planta tida como mágica. Desmascarada, a empusa atirou-se ao mar, e seu corpo nunca foi encontrado.

Ainda sobre vampiras casamenteiras: na China do século 9 surgiram duas noivas exatamente iguais em uma cerimônia. Uma delas era um kiang shi. A noiva verdadeira, subindo nas tamancas, convidou a impostora para resolverem o assunto numa sala adjunta ao salão principal. Má idéia. Quando as duas entraram no recinto fechado, os convidados ouviram um grito horrendo. Acorrendo ao local, descobriram, para terror geral, a noiva morta, tendo ao seu lado um assustador pássaro negro, que, voraz, bebia o seu sangue e bicava as suas vísceras. Muitos kiang shi possuíam longas cabeleiras esverdeadas ou esbranquiçadas, fruto da ação de fungos nos caixões. Já os vampiros femininos da Arábia tinham cabelos negros belos e sedosos. Na Arábia, as rotas comerciais para a China ou para a Síria eram infestadas de alghuls, os traiçoeiros vampiros do deserto, que inspiraram até As Mil e Uma Noites.
E por que existiam os vampiros? Para os chineses, o homem tinha uma alma superior (hun) e outra inferior (p'o). Os restos mortais, quando intactos, podiam ser tomados integralmente pela parte baixa do ser. Numa reação alquímica com o sol ou a lua, o cadáver era animado de volta à vida - compreensivelmente, com as piores intenções possíveis. Na Europa medieval, todavia, tudo girava em torno da questão moral: quem morria em pecado grave ou ia para o inferno ou ficava preso a esta vida sob uma forma degradante, como a dos vampiros.



Transilvânia e adjacências

Se havia vampiros em todo o mundo, na Europa Oriental eles saíam pelo ladrão. Na região onde hoje está a Romênia, cada tipo de transgressão moral correspondia a um tipo de sanguessuga diferente. O nosferatu, por exemplo, era uma criança natimorta não batizada que, enterrada, voltava à vida, transformando-se em gato, escaravelho ou até fio de palha. O murony, comum na Valáquia (reino de Vlad Drakul, que inspirou o mais famoso dos vampiros ficcionais), nascia da relação ilegítima de dois filhos ilegítimos. Morto, se metamorfoseava em rã, piolho ou aranha. Um bastardo morto pela mãe depois do parto, e enterrado sem batismo, se transformava em moroiu – uma moita ardente de 2 metros de altura. Os assassinos e os sacrílegos tinham outro destino funesto. Tornavam-se strigoi, seres de aspecto horrendo: altos, corpulentos, olhos vermelhos, unhas iguais a foices e caudas peludas. Ao saírem do túmulo, de dia ou à noite (poucas lendas vampirescas mencionam a aversão ao Sol), levavam a peste aos rebanhos. Os ucranianos, russos e bielo-russos conheciam o mjertovjec, “o morto que anda” – castigo dos ladrões, estelionatários, bruxas e homossexuais. Seus ossos faziam barulho, aterrorizando os vivos. Quando se abria sua tumba, reconhecia-se facilmente a sua natureza, pois estava deitado de bruços. Era desprovido de nariz, e seu lábio inferior era fendido.

A profusão de nomes era tamanha que é impossível contabilizar o número exato de tipos de vampiros. Um site chamado Shroudeater (“comedor de mortalha”, em inglês) listou mais de 700, mas reconhece que a lista está incompleta.

Surtos de vampirismo eram relativamente comuns. O caso mais bem documentado ocorreu na cidade sérvia de Medvegia, em 1732. Tudo começou porque um arquiduque, Arnold Paole, suposto vampiro, matou 15 pessoas. Pelo menos 7 delas viraram sanguessugas. Como se sabia quem era ou não vampiro? Simples. Abrindo o caixão. Lá dentro, o rosto do suspeito vampiro era encontrado bem corado. Seu corpo não apodrecia. Às vezes, seus olhos e membros tinham movimentos. A exumação de túmulos em casos de suspeita de vampirismo se tornou tão comum que o papa Bonifácio 8º, em 1302, promulgou uma lei contra “esse hábito detestável”. Por fim, em 1755, a imperatriz austro-húngara Maria Tereza proibiu a “execução” de cadáveres nos seus domínios (que compreendiam a Transilvânia e outros “picos” muito freqüentados pelos mortos vivos). Isso não impediu que o povo continuasse, por baixo dos panos, apelando para a decapitação e mutilação dos corpos suspeitos.

O mito Drácula

Os fenômenos de vampirismo acabaram rendendo pano pra manga aos escritores. Em 1486, na França, surgia um manual da Inquisição que entre outras coisas detalhava a ação de vampiros: O Martelo das Feiticeiras, dos inquisidores Jacques Sprenger e Henry Institoris. O termo “vampiro” (do sérvio vampir), no entanto, só surgiu em língua ocidental no século 18. Até então, os europeus do oeste não os distinguiam claramente dos fantasmas. Foi o suficiente para que houvesse uma enxurrada de novelas, peças e óperas sobre vampirismo. Byron, Baudelaire e Alexandre Dumas trataram do assunto. O mito moderno, porém, foi sedimentando por Drácula, do inglês Bram Stoker, de 1901. Na história, o vampirólogo Abraham van Helsing explica tudo o que se deve saber sobre vampiros: a nutrição pelo sangue alheio, a metamorfose em rato, morcego ou outro animal, a morte pela estaca ou pela decapitação.
Stoker, contudo, não deixou de fazer as suas inovações. A maior delas, associar o conde à figura histórica real de Vlad 3º, o Empalador (1431-1476), herói nacional romeno. Misto de tirano e brilhante estrategista, ele conteve o avanço otomano no seu principado da Valáquia, ao sul da Romênia atual, com expedientes brutais, como a empalação de inimigos e traidores. Drácula, em romeno, quer dizer “filho do dragão”. Era um título honorífico. Vlad pertencia à Ordem do Dragão, um grupo de cavaleiros empenhados na defesa das fronteiras cristãs contra a ameaça turca. O nome nada tinha de maligno ou diabólico. “É como se um romeno escrevesse uma história em que George Washington bebesse sangue humano”, afirma o escritor romeno Andrei Cedrescu.

O vampiro à luz da ciência

As explicações racionais para o vampirismo começaram a surgir a partir da década de 1730. Mentes iluminadas analisaram as informações médicas dos séculos 14 e 15 para demonstrar que as mortes em série atribuídas a vampiros eram, na verdade, fruto de epidemias. Tratava-se de casos de cólera – daí os rostos rubicundos dos vampiros –, ou da peste. A ausência de decomposição de certos cadáveres exumados justificava-se pela natureza seca do lugar do sepultamento.

Em 1742, um pequeno tratado do médico parisiense Jacques Bénigne Vinslow sugeriu que os indivíduos encontrados nus nos caixões haviam sido, na verdade, enterrados vivos e, em desespero, devoraram as próprias mãos e mortalhas. Na maior parte das vezes, vítimas de catalepsia – estado patológico que provoca imobilidade total e costumava levar a diagnósticos falsos de morte.

Até mesmo a ereção do pênis defunto tinha explicação. O erudito Michael Ranft, no século 18, afirmava: “O pênis, de natureza esponjosa, pode erguer-se espontaneamente se um líquido ou sopro penetrar na artéria hipogástrica”.

Em 1997, o químico Wayne Tikkanen, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, propôs que o vampiro seria um doente acometido de porfiria, doença hereditária que provoca retração dos lábios e malformação dentária, necrose dos dedos e do nariz e escurecimento da pele, que se torna muito sensível aos raios ultravioleta. Tikkanen diz que muitos doentes se escondiam em caixões para se proteger do sol. Já o neurologista espanhol Juan Gómez-Alonso constatou, em 1998, semelhanças entre os vampiros e as pessoas acometidas de raiva: têm insônia e perambulam à noite, são agitadas e sensíveis à água. Algumas apresentam contrações da face, da laringe e da faringe, que provocam a emissão de sons roucos, e até de uma espuma sanguinolenta na comissura dos lábios, pois a saliva não pode mais ser engolida. Essas teorias, deve-se dizer, não são consenso na comunidade científica.

Do ponto de vista sociológico, o vampiro também foi explicado. Em 1997, os estudiosos Gábor Klaniczay e Karin Lambrecht fizeram uma descoberta curiosa: a explosão de casos de vampirismo coincidiu com o fim da caça às bruxas e tomou o seu lugar, numa necessidade do povo de exorcizar seus demônios e de explicar os males que os atingiam.

Nada disso, porém, desfez o fascínio da criatura sanguinária. Como justificá-la? Por que tantas lendas sobre um bebedor de sangue? “O mito do vampiro nasce do nosso medo da morte e do desconhecido. Era preciso criar o horror, aquilo que perturba um sistema ou uma ordem”, diz a psicanalista búlgaro-francesa Julia Kristeva. O psiquiatra e antropólogo carioca Eugênio Flacksman vai além: “A crendice popular é reflexo do psiquismo humano”, afirma. “O vampiro personificava a inveja, o desamparo psicológico. O invejoso suga a nossa vida”.

Eugênio afirma que, simbolicamente, o sangue pode significar vida – é assim na medicina chinesa e no Antigo Testamento, por exemplo. “Por isso não é de todo despropositado o uso de termos como ‘vampiro emocional’, que anda tão em voga hoje em dia”, diz. Servindo de bode expiatório às culpas, temores e desejos ocultos de pacíficos aldeões, o vampiro, num processo de projeção, as encarnou, acalmando a consciência coletiva. Em pleno século 21, foi-nos reservada a descoberta final: na verdade, todos somos vampiros.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Crepúsculo ( Twilight )


É o primeiro título de uma quadrilogia. Narra a história de Isabella Swan, garota de 17 anos, que se vê forçada a viver com o pai na nublada e chuvosa cidadezinha de Forks. Em seu destino está o misterioso Edward Cullen, que, logo a heroína descubrirá, é um vampiro. '' Lua Nova'' , '' Eclipse'' e ''Amanhecer'' são os três títulos que narram a trajetória romântica de Isabella e o vampiro Edward, que, completamente apaixonado pela jovem, vai aprender a duras penas, a se controlar quando a toca; a controlar a sede de sangue dela.
Crepúsculo foi editado nos Estados Unidos em 2005, ficou 56 semanas entre os mais vendidos, pois vendeu mais de 2 milhões de exemplares.

livro: Crepúsculo ( Twilight )
escritora: Stephene Meyer
editora: Intríseca



Em 2008, a adaptação de Crepúsculo chegou aos cinemas. Lua Nova chegou aos cinemas em 2009. A terceira parte  da saga já tem data de estréia mundial: 30 de junho de 2010. O elenco conta com Kristen Stewart como Isabella Swan; Robert Pattinson como Edward Cullen; Taylor Lautner como Jacob Black.
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Apotamkin

O Apotamkin é um "vampiro", como criatura da mitologia dos nativos americanos. Uma interpretação de Apotamkin é a de que é um mito usado para instalar o medo em crianças para não se aventurarem sozinhas, sem orientação parental.
O Apotamkin às vezes é considerado uma versão nativa americana de um vampiro. Não há diferentes tipos de Apotamkin ao redor do mundo.

sábado, 3 de abril de 2010

O Vampiro: Eduard Munch

Em 1894, o norueguês Eduard Munch (autor de O Grito) pinta a tela Amor e Perdição, conhecida como O Vampiro, que mostra uma mulher abraçando um homem e mordendo seu pescoço.

Marcada: Kristin Cast


Zoey acaba de ser marcada como uma vampira, o que significa o iní­cio de uma nova vida, longe de seus amigos e de sua vida atual. Isso se seu corpo suportar o perí­odo de transformação, caso contrário ela morrerá.

Sinopse:
Zoey Redbird tem 16 anos e vive num mundo igual ao nosso, com uma única excepção: os vampyros não só existem como são tolerados. Os humanos que os vampyros "marcam" como especiais entram na Casa da Noite, uma escola onde se vão transformar em vampyros ou, se o corpo o rejeitar, morrer. Para Zoey, apesar do medo inicial, ser marcada é uma verdadeira bênção. É que ela nunca encaixou no mundo normal e sempre sentiu que estava destinada a algo mais. Mas mesmo na nova escola a jovem sente-se diferente dos outros: é que a marca que a Deusa Nyx lhe fez é especial, mostrando que os seus poderes são muito fortes para alguém tão jovem. Na Escola da Noite, Zoey acaba por encontrar amizade e amor, mas também mentira e inveja. Afinal, nem tudo está bem no mundo dos vampyros e os problemas que pensava ter deixado para trás não se comparam aos desafios que tem pela frente.

Livro: Marcada
Autora: Kristin Cast